O setor de foodservice (alimentação fora do lar) é uma das atividades mais promissoras do Brasil. De acordo com o levantamento do Instituto Foodservice Brasil (IFB), nos últimos 10 anos o setor já movimentou R$ 170 bilhões. Ainda segundo a pesquisa, a participação da alimentação fora do lar no gasto das famílias brasileiras foi de 24,1% no ano de 2002 para 33,3% em 2014. E não é só o mercado consumidor que está em crescimento, o ensino da gastronomia também demonstra uma expansão.
A maior rede de escolas de gastronomia, o Instituto Gastronômico das Américas (IGA), registrou no primeiro trimestre de 2018 um aumento de 8% em seu faturamento em comparação com o mesmo período de 2017. O crescimento constante desse setor é impulsionado por alguns fatores, como por exemplo, o aumento da renda das famílias, a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e a mudança nos hábitos de consumo dos brasileiros.
O setor se mostra capaz de não apenas sustentar novos negócios, mas abraçar cada vez mais profissionais que se mostrarem preparados para encarar o mercado que conta com consumidores cada vez mais exigentes. Neste artigo voltaremos nosso olhar para os profissionais de gastronomia e buscaremos evidenciar a necessidade de aperfeiçoamento constante como fator decisivo para sobrevivência e sucesso no mercado de trabalho.
De acordo com os dados do Inep/Mec, houve um aumento na oferta de cursos e no número de alunos formados em gastronomia no Brasil em 2016. Foram oferecidos 13% mais cursos superiores na área, formando 19% mais alunos, em comparação com o ano de 2015. E podemos atribuir este expansão à mídia, que tem disseminado uma ideia de que os chefs de cozinha são celebridades. Programas de culinária mostram o ato de cozinhar de forma tão sedutora que desperta nos espectadores um desejo quase incontrolável de sair cozinhando qualquer alimento que surgir pelo caminho.
E com a internet não é difícil deparar-se com uma variedade de vídeos, em plataformas como o YouTube, ensinando habilidades culinárias, são receitas de pratos que vão desde o arroz com feijão, até refeições sofisticadas. Os tutoriais “como fazer tal coisa” tem o objetivo de orientar o espectador a reproduzir em casa o que poderia ser encontrado em algum restaurante. Porém, eles não são capazes de ensinar a profissão de chef de cozinha, são apenas guias para desenvolver algumas habilidades.
O YouTube é a ferramenta mais usada para buscar ideias, inspirações e dicas sobre culinária. De acordo com dados do Google, de 2012 a 2014 houve um crescimento mundial de 245% nas buscas por vídeos desse segmento. Só no Brasil o aumento foi de 296% durante o mesmo período. E embora pessoas de todas as faixas etárias consumam esse tipo de conteúdo, a pesquisa mostrou que foram os millennials, pessoas da faixa etária de 18 a 34 anos, os responsáveis por assistir 30% mais os vídeos sobre culinária, além de estimular o aumento da assinatura de canais que falam sobre o tema em 280% ao ano.
Esses números mostram a importância da existência de conteúdos online para que cozinheiros amadores aprofundem seus conhecimentos e os chefs profissionais possam se manter atualizados quanto a preferência de seus consumidores, tendências culinárias, ideias de pratos, receitas, etc. Entretanto, quando o assunto é formação profissional aprender pelo YouTube e sair fazendo é muito diferente do que ter uma formação completa em gastronomia. Sozinho nenhum conteúdo de cunho instrucional disponibilizado na internet, por mais bem produzido e repleto de boas intenções e opiniões profissionais poderá preparar uma pessoa para a vida profissional de um chef.
Ser chef de cozinha é muito mais do que apenas combinar sabores, abrange também os aspectos administrativos e financeiros de um negócio gastronômico. Por isso, uma formação, seja superior ou técnica, se mostra como o único caminho capaz de ensinar como funciona uma cozinha profissional na prática. Em um curso superior, por exemplo, é possível aprender técnicas de preparo de alimentos, cortes, manuseio de utensílios, além de ter o contato com disciplinas sobre higiene, segurança alimentar, gerenciamento de um negócio e como empreender na gastronomia. Os cursos técnicos, embora mais curtos em duração abrangem de forma bem completa as técnicas culinárias e possuem a vantagem de inserir o aluno no mercado de trabalho muito mais rapidamente.
O profissional que deseja se colocar no mercado deve priorizar os meios convencionais de qualificação mas, isso não quer dizer que deva se abster dos conteúdos disponibilizados na internet. Eles são essenciais para fazer com que a jornada profissional seja permeada pelo aprendizado constante, sem contar que é preciso estar atento à todas as tendências que envolvem a tecnologia, afinal ela é o futuro. A busca por profissionais qualificados será sempre uma constância no mercado da gastronomia e a formação completa é indispensável para conquistar os consumidores e uma carreira de sucesso. Somente a constante busca pela formação profissional molda um chef de cozinha de sucesso.
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